Não lhe contaram?

O que é tão ruim?
O que é tão dolosoro?
O que entristece tanto?

A menina caminhava, ainda trôpega, cambaleava. Não bebera esta noite, mas a dor da notícia lhe tirava o equilíbrio. Olhos arregalados, semicerrados, petrificados, estarrecidos. Negava-se a acreditar, mas acreditara sem vacilar. Não chorou, não gritou, nem questionou. Não ajoelhou-se aos pés de seu algoz, não pediu detalhes. Apenas ouviu. Revelar, desnudar, rasgar-lhe a pele. Fechou-lhe a garganta, incharam-lhe os olhos, emudeceu. Maneou a cabeça numa tentativa de tatilmente arrumar as ideias. Tentou abrir a boca. Em vão. Entreabertos, os lábios viram ser cortado do ventre o grito. E foi. Trôpega, vacilante, sem olhar para trás.

Nunca mais passaria por ali. Nunca mais veria. Nunca mais ouviria.
A ponte, a água. O que mais haveria?

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