5/03/11

Sábado de carnaval. Acordei sozinha. Em outras épocas esse seria um dia de ressaca, enquanto me preparava pra noite seguinte de folia. Hoje, porém, é um dia de ressaca sim, mas nada de folia. Sonhei com ele de novo. Se a Raquel souber me mata. De novo, como da primeira vez assim que o beijei, cai da cama. Acordei no susto. Resolvi ler um pouco. Tomei o primeiro Advil do dia, e peguei um livro na estante. O livro estava irritantemente chato, era o ultimo que peguei na biblioteca. Tomei emprestado mesmo pela capa e pelo título. Estava terrivelmente frustada. Desci. Marquei a página. Não sei porque, não pretendia lê-lo novamente mesmo. Dei um 'oi' para os vizinhos e para a dona da pensão. Lavei o rosto, comi uma fruta, e fui tomar um banho. Voltando ao quarto, me vesti e fui tomar o segundo Advil do dia. Caíram dois na mão, tomei os dois mesmo, e fui tentar escrever. A abstinência literária já durava dois longos meses. Muito longos meses. Mas a alegria carnavalesca contagiava a todos dentro e fora do circuito. Não moro muito longo dos circuitos. Impossível concentrar-se. Fui vê-lo. Peguei a moto e saí costurando os carros até a Graça. Raquel me mataria, mas ela não está na cidade. Ela se diverte com os dela e eu me divirto com ele. Mal cheguei na portaria, ele me esperava no jardim.
– Como sabia que eu vinha?
– Eu senti, vamos beber alguma coisa?
– Quero beber você! – e subimos.