Antropofagia

Sabe, eu queria comer você. Não num sexo vulgar. Eu queria realmente devorar-te. Morder sua carne. Sentir sua maciez entre meus dentes. Eu queria afundar minha boca aberta em teu corpo. Deixar esvair-se o sangue, enquanto tento alcançar teus osso. Serrar teus nervos. Com as unhas separar as veias e as artérias, que por decadente nojo eu não comeria.
Eu quero morder-lhe os órgãos vitais. Crus. Sem tempero ou vergonha. Abrir teu coração com as unhas. Despedaça-lo com as mãos. Sorrir, enquanto teu sangue me mancha a pele e os pedaços de tua carne descem pela minha garganta.
Então, sentada no chão, eu me veria ensanguentada. Sentada sobre os teus restos, ossos e pedaços espalhados de carne. Ai eu juntaria esses pedaços que eu não consegui comer, para cozinhá-los. Eu os colocaria numa grande panela com bastante água. Lavaria o sangue e temperaria. Eu faria um colar de teus ossos limpos. E o quanto a tua carne cozinha, seria o jantar. Com vinho e batatas.