dor.
definir.
dor.
excluir.
dor.
limitar-se.
dor.
reticências.
dor.
morte. pranto. angustia. grito. anéis. martelo. dor.

Sem você

Você não sabe, mas eu te espero.
Você não vê, mas eu rego as suas rosas.
Você não sente, mas eu espalho seu perfume pela casa.
Você não ouve, mas eu chamo seu nome ao cair da tarde.
Você nem percebe mas eu te sigo, te sinto te vejo, te amo.


Quando estou em perfeito estado de sobriedade eu penso em você. Quando não eu te persigo com o olhar, com as mãos e com a garganta. Contei cada uma das horas. Me embriaguei, te envenenei e morri.
no interior. de mim. do estado. do mundo.
até a volta,
quintal
do episódio em mim
flores
da sacada daquela casa
e as árvores de fruta no pé
e algodão em flor

flores
da sacada
me perder
por entre as flores
os amores
e estes teus cabelos

Não lhe contaram?

O que é tão ruim?
O que é tão dolosoro?
O que entristece tanto?

A menina caminhava, ainda trôpega, cambaleava. Não bebera esta noite, mas a dor da notícia lhe tirava o equilíbrio. Olhos arregalados, semicerrados, petrificados, estarrecidos. Negava-se a acreditar, mas acreditara sem vacilar. Não chorou, não gritou, nem questionou. Não ajoelhou-se aos pés de seu algoz, não pediu detalhes. Apenas ouviu. Revelar, desnudar, rasgar-lhe a pele. Fechou-lhe a garganta, incharam-lhe os olhos, emudeceu. Maneou a cabeça numa tentativa de tatilmente arrumar as ideias. Tentou abrir a boca. Em vão. Entreabertos, os lábios viram ser cortado do ventre o grito. E foi. Trôpega, vacilante, sem olhar para trás.

Nunca mais passaria por ali. Nunca mais veria. Nunca mais ouviria.
A ponte, a água. O que mais haveria?