Segundas-feiras

O tempo estava fechado na manhã dessa segunda-feira. Segundas-feiras não deviam ser assim, já são trágicas o suficiente. Talvez eu voltasse tarde pra casa hoje. Pensei nisso algumas vezes durante o fim de semana. E depois pensei em adiar para terça (eu adorava fazer isso). Mas aquela chuva matinal no começo da semana e lembrar que eu tinha que ir aos Barris me deu uma vontade quase irresistível de demorar naquela padaria da esquina tomando um copo grande de café e um pão simples na chapa com bastante manteiga. A nostalgia dos tempos de colégio. O que era bom ali era que embora eu esperasse com ansiedade pelo futuro nada mais importava. E aquele café com pão era uma delícia! Foi mesmo naquela época que aprendi a preferir as coisas simples da vida. Mas aí a chuva passou. E eu repensei tudo o que havia dito antes. Deve ser melhor mesmo deixar para a terça-feira...

impressões sobre o espetáculo de dança II

Ela expôs toda a minha fraqueza. Seu olhar fixo no meu revelou toda minha de... o que me falta? Nem eu mesma sei. Mas, seja o que for, ela o tem.
Seu domínio das línguas revelou minha total falta de compreensão, minha incoerência.
"Agora eu preciso ficar sozinha", ela disse. E eu esperei um não-sei-o-que por alguns segundos. Quem sabe uma retificação... Mas ela se mantinha impassível com seus olhos duros a mirar os meus. Então saí.
Sem pensar. Sem questionar. Sem expressar meu desejo. Saí.
E uma forte dor tomou conta do meu peito. Mas já era tarde. Eu não podia me render ainda mais. Mesmo que saindo eu estivesse apenas atestando o quão fraca eu sou perante ela. Mesmo que saindo eu estivesse apenas medindo o grau do medo que eu tinha de voltar.
Eu saí. Sem olhar pra trás.

impressões sobre o espetáculo de dança I