Carta de Luciana

Oi. Demorou de responder, então resolvi escrever outra carta. Estava vendo as fotos do fim de dois mil e sete, e chorando mais uma vez. Nem diga nada. Sei que é um passado do qual nos envergonhamos. Mas admita que foi lindo, foi poetico, litorâneo e sonhador. Foi a ultima vez que te vi chorar, se não me engano. Lembro que estavamos conversando, por telefone, semana passada, e você disse que não chorava em público para não exibir suas fraquezas. Sabe, eu tambem pensava assim. Até lembro a primeira vez que chorei em público. É sério, eu lembro. Foi no mercado, não lembro o motivo. Tentei esconder, mas chorei. Até hoje, quendo choro na rua, choro discretamente, mas choro, e não seguro o choro. Você devia fazer o mesmo. Sei que vocês dizem que sou uma chorona. E admito que choro com fotos, músicas, filmes, vozes. Lembra que uma vez eu chorei por que minha miopia não me permitia enxergar a lua? Você riu de mim, brigamos, mas passou rápido. Como todas as nossas brigas, aliás. A gente nunca passava mais de dez minutos brigadas. Enfim, tava pensando essas coisas, mas não queria falar por telefone. Desde que vim para cá me sinto muito só, sabe? E não é a mesma coisa, só com as meninas daqui, elas não me distraem tanto quanto você. Ah, quase que me esqueço: nunca mais passe mais de quinze dias sem me escrever!

Beijos. Até sua próxima carta.
                                                                                       Luciana Alves, Bruxelas, Bélgica.

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